No período compreendido entre Novembro/2011 e Outubro/2012, a ABIC registrou o consumo de 20,33 milhões de sacas, isto representando um acréscimo de 3,09% em relação ao período anterior correspondente (Nov/10 a Out/11), que havia sido de 19,72 milhões de sacas.
Esse resultado mostra que o País ampliou seu consumo interno de café em 610 mil sacas nos 12 meses considerados. As empresas associadas da ABIC, que participam deste levantamento informando os volumes produzidos mensalmente, mostraram uma evolução mais significativa, de 6,05% em relação a 2011. Este resultado, que mostra que as empresas associadas da ABIC cresceram mais do que o valor total do mercado, indica que elas estão oferecendo produtos mais diferenciados, de melhor qualidade, e muitas trazem os símbolos de certificação de qualidade, o Selo de Pureza ABIC ou o Selo de Qualidade PQC, o que parece atrair mais os consumidores, fazendo com que o seu resultado seja melhor.
Já o consumo per capita foi de 6,23 kg de café em grão cru ou 4,98 kg de café torrado, quase 83 litros para cada brasileiro por ano, registrando uma evolução de 2,10% em relação ao período anterior. Os brasileiros estão consumindo mais xícaras de café por dia e diversificando as formas da bebida durante o dia, adicionando ao café filtrado consumido nos lares, também os cafés expressos, cappuccinos e outras combinações com leite.
Esse consumo de 4,98 kg / hab. / ano supera o de 1965 tornando-se o maior consumo já registrado no Brasil, um verdadeiro recorde. Continua sendo também, maior que os da Itália, da França e dos EUA.
O crescimento de 3,09% é ligeiramente menor do que o esperado pela ABIC em suas previsões iniciais, podendo estar relacionado ao crescimento do consumo de produtos concorrentes no café da manha no lar. Enquanto a penetração do café no consumo doméstico permaneceu elevada (95%), mas estável, os outros produtos ou categorias novas cresceram acima de 20%, como foi o caso do suco pronto (25%) e as bebidas a base de soja (29%), segundo pesquisas complementares da Kantar Worldpanel. Essas categorias de maior valor agregado desafiam a indústria de café para a inovação e para a retomada de índices de crescimento maiores, o que pode ocorrer com a oferta de cafés de melhor qualidade, diferenciados e certificados.
Dessa forma, justifica-se o aumento gradual, mas lento, dos cafés gourmet e pelo uso crescente tanto de máquinas de expresso domésticas, estimado atualmente em 850.000 unidades em lares brasileiros, quanto o uso crescente de cafeteiras elétricas em substituição ao tradicional coador de pano, principalmente no Nordeste.
Por outro lado, pesquisas complementares mostraram aumento do consumo de café forte – de 13% em 2011 para 15,7% em 2012, enquanto o extra-forte registrou uma leve redução de 19,6% para 18,9%. Os dois tipos são cafés Tradicionais de largo consumo e melhor relação custo benefício, mas o resultado mostra que parte do público está, de fato, buscando cafés com melhor qualidade, mesmo entre as classes de menor renda. Pesquisas mostram que o café torrado/moído registrou elevação de preços igual a 18% em 2012, na média, que é um valor bem superior ao do café solúvel e do cappuccino, uma vez que o torrado é mais sensível aos aumentos do custo da matéria prima, exigindo realinhamentos mais significativos. Mas isso não foi impedimento para o aumento do consumo em 2012, o que demonstra que o custo do produto está defasado, não influindo significativamente no orçamento doméstico mensal.
A melhora da qualidade é o motor do consumo. A ABIC constatou que 16% dos consumidores já experimentaram em casa, cafés premiuns, superiores ou gourmet. A importância disto está no fato de que a ABIC, ao lançar o Programa do Selo de Pureza, em 1989, anunciou que pretendia reverter à queda no consumo de café que havia à época, por meio da oferta de melhor qualidade ao consumidor. O Selo de Pureza foi o primeiro programa setorial de certificação de qualidade em alimentos no Brasil. Atualmente ele certifica 1.099 marcas de café e já realizou mais de 58.000 análises laboratoriais nesses 23 anos de existência e desde seu lançamento o consumo vem crescendo.
Em 2004, a ABIC criou o Programa de Qualidade do Café – PQC, que hoje é o maior e mais abrangente programa de qualidade e certificação para café torrado e moído, em todo o mundo. O PQC certifica e monitora 476 marcas de café, sendo que 115 são de cafés Gourmet, de alta qualidade e maior valor agregado.
Entretanto, nas classes baixas o consumo cresce por conta de novos compradores e aumento da quantidade comprada, em função da melhora da renda e do consumo geral.
A ABIC acredita que os cafés de melhor qualidade, tanto os Tradicionais, quanto os Superiores e os Gourmet, vão ganhar preferência popular nos próximos anos.
A meta da ABIC para o consumo interno atingir 21 milhões de sacas, proposta em 2004, parece que poderá ser atingida somente em 2013 ou meados de 2014. Com a economia brasileira sendo retomada em 2013 e em vista dos grandes investimentos que estão sendo feitos para os grandes eventos esportivos e as previsões de aumento do consumo das classes C, D e E, é natural que o consumo do café siga crescendo.
Para 2013, a ABIC projeta um crescimento entre 2,5% e 3,0% em volume, o que elevaria o consumo interno anual para 20,9 milhões de sacas. O crescimento deve ser impulsionado pelas expectativas de retomada do vigor da economia brasileira, pelo crescimento do poder de compra especialmente das classes B,C e D, com destaque para o aumento da renda e do consumo no Nordeste e no Centro Oeste.
Os preços dos produtos para os consumidores devem experimentar um certo realinhamento durante 2013, uma vez que a maioria das empresas ainda não conseguiu repassar parcela dos custos da alta da matéria prima, havida desde meados de 2011. O custo médio do blend para os cafés mais comuns da indústria continua em ascensão e o varejo ainda não refletiu estes novos custos. As vendas da indústria de torrado e moído podem atingir R$ 8,7 bilhões de reais.
A indústria conta com uma ligeira elevação nos custos do grão durante 2013, uma vez que a safra brasileira será pouco menor, mas há notícias de grandes quebras de safra nos países da América Latina, que são grandes fornecedores de café arábica. Por outro lado, o consumo de cafés de melhor qualidade, incluindo-se os bons cafés Tradicionais, os Superiores e os Gourmet, parece continuar crescendo a velocidades maiores, o que também pode elevar o custo médio dos produtos, que oferecem melhor qualidade, o que já se mostrou uma tendência firme dos consumidores, cada vez mais interessados no café.
Em 2013, a ABIC prevê o aumento contínuo do consumo fora do lar, com um número crescente de cafeterias e restaurantes oferecendo cafés de melhor qualidade. Desde 2004, o consumo fora do lar já cresceu mais de 350%.
Destaca-se a tendência de procura por formas de preparação em monodoses, isto é, cafés preparados para uma única xícara, como os expressos, os cafés em sachês, as cápsulas e os serviços de preparação em coadores e filtros, para passar uma única xícara feita na hora de café filtrado. Esta é uma tendência importada dos EUA, e que se dissemina rapidamente nas casas de café.
O crescimento do uso de máquinas de café domésticas também é um fator importante para se observar no consumo no lar. Afinal, são mais de 850.000 máquinas domésticas para café expresso já existentes, número que continuará crescendo.
A indústria nacional é a grande consumidora de café conilon. Um hábito que se iniciou há 20 anos, os blends com café conilon, que adquirem cada ano mais qualidade no campo, fez com que os brasileiros mostrassem certa preferência por cafés blendados com arábica e conilon. O uso dessa variedade nos blends, em média, beira hoje os 40%-45%. Há cafés de qualidade Superior e mesmo Gourmet, que utilizam o conilon como coadjuvante para obter boas características de corpo e equilíbrio para o blend, especialmente em determinados bons expressos.
Em 2013, a ABIC pretende intensificar seus esforços para monitorar a qualidade do café no mercado, ampliando a abrangência dos seus programas pioneiros, o Selo de Pureza e o Programa de Qualidade do Café – PQC, que hoje cobrem mais de 1600 marcas nacionais, bem como, ampliar a divulgação dos benefícios do café para a Saéde humana, através da mídia e dos contatos com a comunidade médica.
Destacou-se em 2012, a mudança da tributação do PIS COFINS para a cadeia do café, no que foi considerada uma medida acertada e justa, por iniciativa do Ministério da Agricultura e do Ministério da Fazenda em conjunto com toda a cadeia produtiva do café. As distorções e irregularidades tiveram fim e o mercado encontra-se equilibrado, com igualdade de condições para competir, seja qual for o porte das empresas.
Finalmente, os grandes eventos esportivos criarão boas oportunidades para as empresas de café, seja pelo lançamento de novos produtos temáticos, seja pela ativação das casas de café, receptivos em aeroportos, restaurantes e hotéis, e a ABIC planeja coordenar sob um mesmo tema, somando esforços, as ações das indústrias para aproveitarem os bons períodos de Copa e de Olimpíada que se aproximam.
Takamitsu Sato
Presidente
Marcio Reis Maia
Área de Pesquisas e Informações
Outubro/2012
wdt_ID | Classificação Atual | UF | EMPRESA |
---|---|---|---|
1 | 1 | SE | INDS. ALIMENTS. MARATA LTDA. |
2 | 2 | SP | MELITTA DO BRASIL IND. E COM. LTDA. |
3 | 3 | SP | CIA. CACIQUE DE CAFE SOLUVEL |
4 | 4 | SP | MITSUI ALIMENTOS LTDA. |
5 | 5 | MG | CAFE BOM DIA LTDA. |
6 | 6 | PB | SAO BRAZ S/A IND. E COM. DE ALIMENTOS S.A |
7 | 7 | SP | CAFE PACAEMBU LTDA. |
8 | 8 | SP | CAFE UTAM S/A. |
9 | 9 | PR | ODEBRECHT – COM. E IND. DE CAFE LTDA. |
10 | 10 | SP | JARDIM IND. E COM. S/A. |
Classificação Atual | UF | EMPRESA |
Outubro/2012
TOTAL | 575.833 | 100,00% | 409 |
GRUPO | 2011 / 2012 | ||
VOLUME MENSAL (SACAS) | PARTICIPAÇÃO (%) | Núm. Empresas | |
1 – 999 sacas | 74.226 | 12,89% | 338 |
1000 – 2999 sacas | 70.327 | 12,21% | 39 |
3000 – 9999 sacas | 134.528 | 23,36% | 26 |
Acima de 10000 sacas | 296.752 | 51,53% | 6 |
Período de produção considerado: 2011 / 2012 – nov/11 a out/12
Considerado somente café torrado e moído (entre associadas da ABIC)