O consumo interno brasileiro de café continua crescendo. No período compreendido entre Novembro/2008 e Outubro/2009 a ABIC registrou o consumo de 18,39 milhões de sacas, isto representando um acréscimo de 4,15% em relação ao período anterior correspondente (Nov/07 a Out/08), que havia sido de 17,65 milhões de sacas.
Isto significa que o País ampliou seu consumo interno de café em 740 mil sacas nos 12 meses considerados. As empresas associadas da ABIC, que participam com quase 65% do café industrializado produzido, mostraram uma evolução mais significativa, de 6,28% em relação a 2008.
O resultado excedeu as expectativas iniciais da ABIC, que eram de um crescimento de 3%, levando em conta a crise econômica mundial iniciada em 2008. A crise, como já se percebeu em muitos outros segmentos produtivos e nas famílias brasileiras, não afetou o consumo de café.
O consumo doméstico, predominantemente de cafés do tipo Tradicional, tanto quanto o consumo fora do lar, onde predominam os cafés Superiores e Gourmet, apresentaram taxas de crescimento positivas. Maiores investimentos em produtos e no marketing interno do café impulsionaram as vendas das marcas mais conhecidas. O mercado recebe, mensalmente, novas marcas de cafés especiais, fazendo com que o mercado brasileiro apresente uma oferta muito significativa de cafés de alta qualidade para os consumidores brasileiros. A ABIC estima que este segmento de cafés diferenciados, embora represente a menor parte do consumo continue apresentando taxas de crescimento de 15% ao ano.
Já o consumo per capita foi de 5,81 kg de café em grão cru ou 4,65 kg de café torrado, quase 78 litros para cada brasileiro por ano, registrando uma evolução de 3,0% em relação ao período anterior. Os consumidores estão consumindo mais xícaras de café por dia e diversificando as formas da bebida durante o dia, adicionando ao café filtrado consumido nos lares, os cafés expressos, cappuccinos e outras combinações com leite.
Este resultado aproxima o consumo per capita brasileiro ao da Alemanha (5,86 kg/hab.ano) e já supera os índices da Itália e da França, que são grandes consumidores de café. Os campeões de consumo, entretanto, ainda são os países nórdicos – Finlândia, Noruega, Dinamarca – com um volume próximo dos 13 kg/por habitante/ano.
Por outro lado, considerando o café já torrado e moído, o consumo per capita de 4,65 kg/hab.ano aproxima-se do consumo histórico de 1965, que foi de 4,72 kg/hab.ano.
A melhora da qualidade pode ser apontada como uma das razões que justificam o aumento do consumo interno. A importância disto está no fato de que a ABIC, ao lançar o Programa do Selo de Pureza, em 1989, anunciou que pretendia reverter a queda no consumo de café que havia à época, por meio da oferta de melhor qualidade ao consumidor. Em 2009, o programa Selo de Pureza celebrou 20 anos, como o primeiro programa setorial de certificação de qualidade em alimentos no Brasil.
Em 2004, a ABIC criou o Programa de Qualidade do Café – PQC, que hoje é o maior e mais abrangente programa de qualidade e certificação para café torrado e moído, em todo o mundo.
Ambos os programas tem servido como importante ferramenta para estimular a produção de cafés de melhor qualidade para os consumidores brasileiros. E eles já reconhecem a melhora da qualidade do café que lhes tem sido oferecido e comemoram tomando mais xícaras a cada dia!
O aumento do consumo das famílias em 2009 e a boa percepção do público com relação aos benefícios do café para a saúde humana, foram outros fatores que podem ter contribuído para o aumento registrado em 2009.
A meta da ABIC para o consumo interno atingir 21 milhões de sacas em 2010, proposta em 2004, parece que poderá ser atingida em 2012. Com a economia brasileira sendo impulsionada em 2010, e as boas previsões que se fazem para o crescimento do PIB, do consumo das classes C, D e E, e mais a previsão de que as classes A e B poderão crescer 50% ate 2015, é natural que o consumo do café siga crescendo. Assim, o limite desafiador de 21 milhões de sacas poderá ser atingido em 2012, desde que a evolução anual se mantenha em, pelo menos, 5% ao ano.
Para 2010 a ABIC projeta um crescimento de 5,0% em volume, o que elevaria o consumo para 19,31 milhões de sacas. Os preços do produto para os consumidores ficaram estáveis em 2009. Pesquisas permanentes mostram que o produto mantém preços estáveis para os consumidores nos últimos 4 anos. Em Janeiro/2009, em média, o café custava R$10,20/kg nos supermercados, enquanto em Dezembro/2009, o preço era de R$10,49/kg, uma evolução de somente 2,8%, abaixo da inflação do período. Assim, o café continua sendo um produto muito acessível aos consumidores, mesmo nas categorias de maior qualidade e mais valor agregado, como os cafés Superiores e Gourmet.
As vendas do setor em 2009 podem ter atingido R$6,8 bilhões e espera-se que cheguem a R$7,1 bilhões em 2010.
Em 2010, a ABIC vai continuar a estimular o aumento do consumo geral e a oferta de cafés diferenciados, ampliando a adesão das empresas aos seus diversos programas de qualidade e certificação, como o Selo de Pureza, o PQC – Programa de Qualidade do Café, o PCS – Cafés Sustentáveis do Brasil, entre outros.
A exportação de café torrado e moído com marca brasileira é uma iniciativa muito recente, que assumiu uma característica de negócios consistentes a partir de 2002. Com apoio da Apex Brasil, que mantém convênio com a ABIC, na forma de um Projeto Setorial Integrado de Apoio às Exportações de Cafés Industrializados, as vendas para o exterior totalizaram US$29,6 milhões em 2009, contra US$35,6 milhões em 2008. Em volume, as exportações reduziram 18,6%, e em valor, houve decréscimo de 16,8%. As razões desta redução estão ligadas ao menor volume de compras do mercado americano, principal comprador do café industrializado brasileiro, na esteira da crise econômica que afetou os negócios e a economia daquele país no ano passado.
A pesquisa constatou que a concentração do setor vem se acentuando. A Tabela 4 indica que as 10 maiores empresas concentram 72,90% da produção total das empresas associadas da ABIC, contra 71,97% na pesquisa anterior.
Enquanto isto, as 315 menores empresas tiveram sua participação quase estabilizada e ao nível de 6,95% da produção total das associadas.
Analisadas por grupos e portes, as empresas mostraram um desempenho muito distinto, com as maiores crescendo acentuadamente e as menores estáveis ou decrescendo.
A ABIC, nesta apuração, manteve a hipótese, bastante conservadora, de que as empresas Não-associadas e o Consumo não-cadastrado (informal e nas fazendas) NÃO cresceram, contribuindo com 0% na média final, ou seja, que o grupo das maiores empresas assumiu parte do mercado das menores. Assim, enquanto os dados das empresas associadas indicam neste grupo um crescimento de 6,28% em relação aos volumes de 2008, o volume total, em função da hipótese assumida acima, reduziu-se para 4,15%.
Almir José da Silva Filho
Presidente da ABIC
Natal Martins
Área de Pesquisas e Informações
Outubro/2009
wdt_ID | Classific. Atual | UF | EMPRESA |
---|---|---|---|
1 | 1 | SP | SARA LEE CAFES DO BRASIL LTDA. |
2 | 2 | CE | SANTA CLARA IND. E COM. DE ALIMENTOS S/A. |
3 | 3 | SP | MELITTA DO BRASIL IND. E COM. LTDA. |
4 | 4 | SE | INDS. ALIMENTS. MARATA LTDA. |
5 | 5 | SP | CIA. CACIQUE DE CAFE SOLUVEL |
6 | 6 | SP | MITSUI ALIMENTOS LTDA. |
7 | 7 | PR | CAFE DAMASCO S/A. |
8 | 8 | MG | CAFE BOM DIA LTDA. |
9 | 9 | PB | SAO BRAZ S/A IND. E COM. DE ALIMENTOS |
10 | 10 | MA | PROD. ALIMENTICIOS RIBAMAR CUNHA LTDA. |
Classific. Atual | UF | EMPRESA |
Outubro/2009
TOTAL | 978.300 | 100,00% | 384 |
GRUPO | 2008 / 2009 | ||
VOLUME MENSAL (SACAS) | PARTICIPAÇÃO (%) | Núm. Empresas | |
1 – 999 sacas | 68.014 | 6,95% | 315 |
1000 – 2999 sacas | 61.028 | 6,24% | 33 |
3000 – 9999 sacas | 136.112 | 13,91% | 26 |
Acima de 10000 sacas | 713.147 | 72,90% | 10 |
Período de produção considerado: 2008 / 2009 – nov/08 a out/09
Considerado somente café torrado e moído (entre associadas da ABIC)
Categoria | Ano anterior | Ano atual | Crescimento |
(Nov/07 a Out/08) | (Nov/08 a Out/09) | % | |
Empresas associadas | 11045940 | 11739600 | 6,279750753 |
Empresas não-associadas | 3678750 | 3678750 | – |
Total de empresas cadastradas | 14724690 | 15418350 | 4,710847978 |
Consumo não cadastrado | 1953260 | 1953260 | – |
Total geral de café torrado e moído | 16677940 | 17371600 | 4,159131879 |
Empresas de café solúvel (1) | 979330 | 1018320 | 3,981725301 |
Total nacional de consumo de café | 17657270 | 18389920 | 4,149292369 |
Consumo per-capita: café em grão cru | 5,638717968 | 5,80761901 | |
Consumo per-capita: café torrado e moído | 4,510974375 | 4,646095208 |