O consumo de café no Brasil mostrou um significativo acréscimo em 2017. Da estabilidade ocorrida após 2012, o consumo registrou um crescimento de 3,6% em relação a 2016, completando 21,99 milhões de sacas. As certificações do Selo de Pureza e do Programa de Qualidade do Café PQC, tem agregado valor as marcas e ampliado o seu consumo em relação as demais.
O consumo per capita também aumentou , passando a 5,1 kg/habitante.ano de café torrado e moído (6,4 kg de café verde em grão), o equivalente a 83 litros/habitante.ano.
O café parece ter atravessado os piores momentos da crise brasileira, sem ser impactado por ela quanto ao consumo. De fato, assim como ocorreu na crise mundial de 2008, o consumo de café não foi reduzido. Ao contrário, nos dois períodos o consumo aumentou, confirmando, mais uma vez, que o Café é uma bebida de elevado consumo e gosto popular em todo o território nacional. Os cafés de alta qualidade que também apresentaram bom desempenho, mesmo com valor agregado mais elevado, indicam que estes cafés podem ser descritos como um “luxo acessível”, e conquistam cada vez mais consumidores.
Cafés arábicas e cafés conilon tiveram uma grande variação de preços durante 2017. Os preços médios do arábica, consideradas as varias regiões produtoras e tipos, foram de R$ 510,00/saca em Janeiro de 2018 para R$ 440,00 em Dezembro/2017. Enquanto isso, o conilon variou, na média, de R$ 459,00/saca para R$ 340,00/saca, no mesmo período. Ao final do ano, as cotações demonstraram mais estabilidade, permitindo uma retomada dos negócios com mais segurança.
Enquanto isto, segundo pesquisas na cidade de São Paulo, de Janeiro a Dezembro/2017, os preços dos cafés Tradicionais, nas prateleiras do varejo, subiram 8,6,%, para R$ 20,84/kg, enquanto os cafés Gourmet aumentaram 23,67%, alcançando R$ 67,13/kg em média.
As vendas do setor em 2017 podem ter alcançado R$ 7,4 bilhões.
A diferença dos índices de variação entre matéria-prima e o produto final, evidencia que a indústria chegou ao final de 2016 com seus custos muito pressionados. Em 2017, esse desajuste foi compensado pelo mercado, com a normalização da oferta e preços menores.
O consumidor brasileiro não reduziu o consumo de café no ano 2017, mesmo diante da crise. O crescimento de 3,6% é o dobro do crescimento médio mundial e significa que a indústria consumiu mais 771.800 .sacas do que em 2016.
A maturidade do mercado brasileiro fez surgirem novas alternativas de negócios, novos canais de distribuição, novas categorias em crescimento acelerado. Os consumidores tornaram-se mais conhecedores dos tipos e qualidades do café; mais exigentes e mostraram disposição para pagar mais pelos produtos de sua preferência desde que com qualidade e garantia de segurança alimentar.
Assim, o Brasil parece estar vivenciando a 3ª Onda do café, com expansão do consumo de cafés preparados de formas distintas, com a abertura de casas de café, valorização dos produtos e novos players / protagonistas na cadeia de distribuição, como os clubes de assinatura, edições especiais limitadas, e expansão do consumo fora do lar.
A pesquisa da Euromonitor contratada pela ABIC, continua mostrando uma elevada penetração do café entre os consumidores. Mais de 80% dos lares pesquisados tem café. Diante da crise, o comportamento dos consumidores tem variado com relação às marcas e tipos de café:
Entre os consumidores que foram afetados pela crise, a grande maioria manteve o consumo. A migração para marcas mais baratas não teve grande expressão e os consumidores continuam com o mesmo comportamento de compra, valorizando a qualidade, a marca e o preço, nesta ordem.
O ritmo de crescimento do consumo interno leva a ABIC a reforçar a sua tese de que é preciso estimular a demanda de café investindo muito mais em marketing, publicidade, diferenciação e inovação de produtos. O comportamento dos consumidores tem sido o de ampliar a experimentação e valorizar os produtos com melhor qualidade, certificados e sustentáveis. A publicidade institucional deve servir para orientar, educar e difundir conhecimentos sobre café e suas qualidades.
Dessa forma, a entidade tem desenvolvido campanhas de marketing desde 2014, investindo cerca de R$ 2 milhões / ano de seus próprios recursos, para enfatizar a importância da pureza e da qualidade, com destaque para o Selo de Pureza, que é um programa de Autorregulamentação que vai completar 28 anos. A pesquisa mostrou que 48% dos consumidores entrevistados declaram que conhecem o Selo de Pureza e 78% consideram o trabalho da ABIC muito importante para estimular o consumo e a qualidade do café.
Agora, a ABIC também esta debruçada na elaboração de iniciativas que destaquem os atributos do café e os seus benefícios para a saúde, energia e bem-estar, que serão os princípios a explorar, de modo a criar uma relação estreita entre a vida saudável, com a energia e o prazer que o consumo de café propicia. Os resultados dessas ações seriam positivos para todos os setores.
Em 2018, a ABIC continuará com sua campanha anual de marketing, focada em associar os tipos de café – Extra Forte, Tradicional, Superior e Gourmet – a momentos de vida, do dia e aos distintos comportamentos dos consumidores. Há cafés de todos os tipos e qualidades, para atender ao gosto de cada um.
O consumo de café em monodoses, seja na forma de cafés expressos, seja em sachês ou em cápsulas, está crescendo acentuadamente. Segundo a EUROMONITOR, as vendas em valor das cápsulas em 2015 alcançaram R$ 1,4 bilhão, com estimativa de que atinjam R$ 2,96 bilhões em 2019. O consumo de cápsulas continuará concentrado em casa e o alto preço fora de casa é a principal razão para a queda do consumo neste segmento.
As pessoas têm procurado diferentes variações como os cafés gourmet, existindo uma consistente evolução para atender aqueles mais atentos à diferenciação de regiões, sabores, certificações, entre outros.
A ABIC estima que o consumo de café volte a crescer em 2018, devido ao atual cenário político-econômico, alcançando os 22,7 milhões de sacas no ano. A diversidade de produtos oferecidos, com maior qualidade, muitos deles certificados pelo PQC – Programa de Qualidade do Café da ABIC, e sustentáveis, têm mantido o interesse dos consumidores.
Grandes marcas e marcas regionais ou locais, nas grandes cidades e diversas regiões, principalmente Nordeste e Centro Oeste, são responsáveis pela reconhecida melhoria da qualidade do café desde os produtos para o dia-a-dia, Tradicionais, Fortes e Extra Fortes, até os cafés Gourmet. Os cafés Superiores aparecem como alternativa para aqueles que desejam mais qualidade sem pagar preços muito elevados. A resposta dos consumidores virá com mais consumo. Selo de Pureza e Qualidade e benefícios do café a saúde, serão foco da comunicação institucional da ABIC em 2018.
O setor da indústria de café tem recebido grandes investimentos na aquisição de empresas e conseqüente consolidação; implantação de novas unidades industriais; implantação de novas tecnologias e equipamentos; novos produtos notadamente os cafés Superiores, que se mostram os substitutos de parcela do mercado dos cafés Tradicionais. A qualidade media das centenas de marcas de café brasileiras evoluiu muito em 2017.
Ricardo de Sousa Silveira
Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café – ABIC.
wdt_ID | Classificação Atual | UF | EMPRESA |
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1 | 1 | CE | GRUPO TRES CORACOES |
2 | 2 | SP | JACOBS DOUWE EGBERTS BR COM. DE CAFES LTDA |
3 | 3 | SE | INDS. ALIMENTS. MARATA LTDA. |
4 | 4 | SP | MELITTA DO BRASIL IND. E COM. LTDA. |
5 | 5 | SP | MITSUI ALIMENTOS LTDA. |
6 | 6 | MG | COOP. REGIONAL DE CAFEICULTORES EM GUAXUPE LTDA. – COOXUPE |
7 | 7 | PB | SAO BRAZ S/A IND. E COM. DE ALIMENTOS S.A |
8 | 8 | MG | CAFE BOM DIA LTDA. |
9 | 9 | SP | CAFE PACAEMBU LTDA. |
10 | 10 | GO | CAFE RANCHEIRO AGRO INDL. LTDA. |
Classificação Atual | UF | EMPRESA |
TOTAL | 1.147.736 | 100,00% | 355 |
GRUPO | 2016 / 2017 | ||
VOLUME MENSAL (SACAS) | PARTICIPAÇÃO (%) | Núm. Empresas | |
1 – 999 sacas | 64.000 | 5,58% | 283 |
1000 – 2999 sacas | 68.960 | 6,01% | 38 |
3000 – 9999 sacas | 128.512 | 11,20% | 24 |
A partir de 10000 sacas | 886.264 | 77,22% | 10 |